quinta-feira, 26 de setembro de 2013

JESUS E AS MULHERES - Maria José Rodrigues dos Santos

JESUS E AS MULHERES


RESUMO
Maria José Rodrigues dos Santos

            As mulheres cada vez mais conquistam espaço na sociedade atual. E qual era o espaço da Mulher nos tempos bíblicos? Através da bíblia podemos observar o papel da mulher, na história, e a toda discriminação sofrida por ela. Essas reações de preconceitos eram regidas pelas leis humanas e pelos costumes daquelas sociedades. Muitas dessas histórias relatam a relação de fidelidade de Jesus e as mulheres, deixando claro o seu repúdio com toda forma de discriminação e desrespeito com elas. As histórias de mulheres, na bíblia, são marcadas por alegria e dor, astúcia e sagacidade, e acima de tudo coragem e fidelidade. Existem diversos ensinamentos bíblicos que contam a vida de mulheres especiais, essas figuras femininas desempenharam um importante ministério ao longo da Bíblia, no Novo Testamento, e algumas delas viveram muito próximas de Jesus.
             

Palavra-chave: Mulheres. Bíblia. Jesus. Amor. Fidelidade


INTRODUÇÃO

Neste momento convido você a conhecer e descobrir, na bíblia, histórias sobre mulheres especiais. Mulheres as quais suas figuras eram tratadas com muito respeito e dignidade por Jesus. Pois ele sabia que havia sido enviado, especialmente, para os membros fracos da sociedade e entre esses ao lado dos pobres e doentes, também estavam às mulheres. As mulheres com quem Jesus teve contato eram pessoas mais agradecidas e fieis a Ele, e retribuíram, por tudo que receberam. Ele, elas o acompanharam até o amargo fim e também se tornaram as primeiras testemunhas de um recomeço maravilhoso.
Essas mulheres foram primeiros não – judeus se tornarem membros do movimento de Jesus, foram responsáveis  pela extensão deste movimento não-israelitas. As mulheres eram as suas seguidoras, assim como os homens. Para o Reino de Deus, anunciado por Jesus, todos são convidados: as mulheres e os homens, as prostitutas, os samaritanos e os piedosos fariseus. Ninguém é excluído.
É constado que a mulher tem a mesma dignidade, categoria e direitos que o homem. Essa participação da mulher no seu grupo é uma demonstração de que Jesus rejeitava as leis e costumes discriminatórios depreciavam essa dignidade. Ele arriscou o seu prestígio e a sua vida em favor da mulher. Esta atitude de Jesus gera uma igualdade, a participação de mulheres e homens juntos, pois Ele ama todos igualmente. Muito outros exemplos relatos na bíblia mostram o respeito, a consideração e a misericórdia de Jesus para com as mulheres e a fidelidade delas com ele. Essas passagens bíblicas são verdadeiros exemplos de perdão, cura, esperança, igualdade, amor e lealdade. 







1.       O MEDICO AMADO PELAS MULHERES

Por doze longos anos a mulher é atormentada pela uma doença, sem que nenhum médico consiga  ajudá-la. A cada nova consulta, o médico abana a cabeça e a manda embora, recomendando algum remédio que não produz efeito.
E que havia padecido muito com muitos médicos, e despendido tudo quanto tinha nada lhe aproveitando isso, antes indo a pior. (Mc 5.26). Por fim é como se ela recebesse um selo de “Incurável”.
 - “Você vai ter de viver com isso?”. Mas ela não que se conformar; ela não quer viver dessa maneira, pensando que nunca mais será saudável e que as hemorragias dolorosas nunca terão fim. Eis que aparece Jesus. Ela ouve falar a respeito Dele, esse homem estranho que fala do Reino de Deus e cura as pessoas. Ele é sua última  esperança.
Ouvindo falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou na sua vestimenta. Por que dizia: Se tão - somente tocar nas suas vestes, sararei. (Mc 5.27-28)

1.1 JESUS RESSUSCITA  UMA MENINA 
Um homem, cuja filha pequena tinha acabado de  morrer, confia em  Jesus, o grande médico. Curar doenças até é possível. Mas será que Jesus também pode vencer a morte? O maior e mais temido inimigo dos médicos? A bíblia da uma resposta equivocada. Mais uma vez Jesus demonstra o cuidado que ele tem pelas mulheres
Enquanto estas coisas lhes dizia, eis que um chefe, aproximando-se o , adorou e disse:Minha filha faleceu agora mesmo;mas vem, impõe a mão sobre ela, e viverá. (Mateus 9.18).  Mas, afastado o povo, entrou Jesus, tomou a menina pela mão, e ela se levantou. (Mt 9.25)

1.2 A MÃE QUE RESSUSCITA COM O FILHO
A viúva segundo o Antigo Testamento situava-se em um dos três estados de carência total.  O filho da viúva se foi, esta imagem da viúva destituída de filho é o arquétipo do infortúnio levado ao extremo. Somente uma mulher, talvez, poderia carregar este peso de dor e solidão. A viúva no relato era judia, sua vida era a família, mas agora com a perda de seu filho, sua esperança desaparecia.
Vendo-a o Senhor se compadeceu dela e lhe disse: Não chore! Chegando-se, tocou o esquife e, parando os que o conduziam,disse: jovem, eu te mando: levanta-te! (Lc 7.13:14)
Diante desta imagem do nada Jesus comove-se até as entranhas, conforme diz o texto em meio a tanta gente Jesus apenas enxerga a solidão: a mãe. Entre todas as mulheres que encontrou, está é a mais distanciada da esperança, da fé e da oração. E Jesus comove-se com aquela piedade que a Cananeia  implorava em vão. Ela precisava da fé e Jesus da a sua ordem: “Não chores!” E entregou o filho, que ressuscitado, se levantou a sua mãe. E com este filho, ao qual lhe é entregue, Jesus lhe entregou uma infinidade de bens que são a paz, o futuro, o amor, o relacionamento, a dignidade do ser, sua perseverança e o sentido da vida. A mãe ressuscita com o filho.

2.  QUEM NÃO TEM PECADOS
A mulher adultera, ela cometeu adultério. É ainda foi apanhada em flagrante delito,  prato cheio para os mestres da lei e fariseus. A sentença parece clara, pela lei de Moisés, essa mulher merece a morte e na mesma hora ela já é tomada por vergonha e humilhação, sua reputação está arruinada e seu respeito está perdido. Sua dignidade está acabada, sem ajuda nem defesa, ela está entregue a ser uma mulher a viver com sua culpa, acusadores, tudo depõe contra ela: a lei, a moral, as convenções sociais, mas Jesus reage de forma surpreendente, e não como os acusadores gostariam. Ele não enxerga a mulher com sua culpa, mas desmascara a presunção dos seus acusadores. Jesus usa o perdão e a misericórdia, absolvendo a mulher. Ele sabe que para ela já será suficientemente difícil conviver com as consequências sociais de seu adultério.
E endireitando-se Jesus e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor! E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai –te e não peques mas. (Jo 8.10:11)
Ela descobre que no amor de Jesus, existe o perdão incondicional e uma nova esperança para o futuro.
2.1 ELA TEM DE LIDAR COM UM PASSADO INFELIZ
O Novo Testamento narra um encontro comovente que Jesus teve com uma mulher antes de sua crucificação e morte. Na história, seu nome não é mencionado, por isso essa mulher aparece anônima.
Em verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez para memória sua. (Mc 14.9)
Naquela cidade morava uma mulher de má fama. Ela soube que Jesus estava jantando na casa de Simão então pegou um frasco de alabastro, cheio de perfume e derramou sobre a cabeça de Jesus. Era costume em Israel apontar o novo rei por meio de unção.  Será que aquela mulher pressente isso, pois ela não prepara Jesus apenas para o seu funeral.  A mulher reconhece algo que até para os discípulos, os amigos mais íntimos de Jesus, não era claro, e que no caso dele, usar o perfume mais precioso não seria um desperdício. Os discípulos não entenderam o amor daquela mulher por Jesus, mas ela sabia que ele era o salvador.
Ela fez o que pôde: antecipou-se a ungir-me  para a sepultura. Em verdade vos digo: onde for pregado em todo mundo mo evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua (Mc 14.8:9)

3. AS MULHERES QUE ASSITIAM JESUS
A bíblia relata que, naquela época, os rabinos recusavam-se a ensinar mulheres, assim, ao aceitá-las em seu grupo de seguidores, Jesus agiu de maneira incomum, isto nos permite ter uma ideia do modo como Jesus e seus seguidores eram sustentados no decorrer de todo seu ministério.
Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de cidade em idade e de aldeia e aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios;  e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as quais lhe prestavam assistência com os seus bens. (Lc 8.1-3)


3.1 MULHERES NA CRUSSIFICAÇÃO
Estavam ali muitas mulheres, observando de longe; eram as que vinham seguindo a Jesus desde a Galileia, para o servirem; entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e José e a mulher de Zebedeu. (Mt 27.55:56)
As mulheres não fizeram como os discípulos, aguentaram o sofrimento de ver Jesus morrer numa cruz. Até podemos imaginar que tormento elas sofreram ao ver aquele homem tão amado e honrado morrer de uma maneira tão vergonhosa e degradante. Não há registros das palavras ditas pela mulher anônima que ungiu Jesus antes da crucificação. O importante é sua atitude, o que ela fez, ela urgi Jesus, derramando um perfume valioso na cabeça dele. Esse é um gesto de extrema ternura e afeto. Com isso, ela está preparando o corpo de Jesus para o seu sepultamento, que logo vai chegar. Na hora da crucificação, os discípulos fugiram e Jesus ficou sozinho, massacrado e humilhado, indo ao encontro da amarga morte que o espera na cruz, abandonado pelas pessoas. Logo ele, que havia curado tanta gente e dado em novo ânimo a muitas pessoas, agora não passa de uma figura digna de piedade. Mas aquelas mulheres que sempre estiveram ao lado dele não o abandonaram, mesmo num momento como esse, elas ficam com o Mestre até nessa hora difícil, elas não fogem. Naquela época era comum preparar o corpo dos mortos usando óleo. No caso de Jesus, isso nem mesmo foi  possível, como deixa claro o relato sobre a sua ressurreição, inutilmente as mulheres vão com seus óleos e perfumes para urgir Jesus, mas encontram o túmulo vazio.
 E olhando, viram que a pedra já estava removida; pois era muito grande. Entrando no túmulo, viram um jovem assentado ao lado direito, vestido de branco, e ficaram surpreendidas e atemorizadas. (Mc 16.4:5)         

3.2 TESTEMUNHAS DO UNIMAGINÁVEL
Maria se sente como se uma espada afiada tivesse cortado o seu coração, ela havia perdido seu amigo e mestre, por meio da separação mais radical que existe: a morte. Ele que podia ressuscitar pessoas, não conseguiu salvar a si mesmo. Para piorar as coisas, quando Maria chega ao túmulo, ela o encontra vazio, agora Jesus fora lhe tirado completamente. Não sobrou nada! Maria está desesperada, mas no meio desse desespero ela se torna testemunha de um acontecimento inimaginável, que marca a hora do nascimento do cristianismo a ressurreição de crucificado. Uma mulher como testemunha do acontecimento que transformará esse mundo. Existe um privilégio maior do que esse que Jesus concede ao sexo feminino? Maria Madalena, por causa disso, se tornou uma das personagens feminina mais importante no Novo testamento.
 Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual expelira sete demônios. E, partindo ela, foi anunciá-lo áqueles que, tendo sido companheiros de Jesus, se achavam tristes e  choravam. (Mc 16.9:10)
  
CONCLUSÃO

Foi constato na pesquisa que durante a história da bíblia, e principalmente nos Novo Testamento, existem muitos exemplos da relação de Jesus e as mulheres. Os relatos encontrados, nos evangelhos, demonstram que os ensinamentos de Jesus desapreciam qualquer forma de discriminação e preconceito, inclusive em relação à especificação de gênero. Pelo contrário, Jesus sempre apresentou uma atitude de igualdade, para com homens e mulheres. Além de uma relação especial com a figura feminina, pois a mulher foi um membro importante para desempenhar o seu ministério ao longo da história bíblica. 
No texto, a partir de exemplos e relatos apresentados, é comprovado o tratamento de respeito e dignidade o qual Jesus sempre tratou a mulher.  As leis humanas e os costumes discriminatórios da sociedade menosprezavam a mulher, mas ao longo da história essas atitudes foram banidas e desapreciadas por Jesus. E todas as histórias demonstradas ao longo do texto comprovam o valor especial da figura feminina na história da bíblia.



REFERÊNCIAS

·         ALMEIDA, João Ferreira de (Traduzida em português). Edição Letra Grande - 1998. Bíblia sagrada – Antigo e Novo Testamentos. Sociedade Bíblica do Brasil - SBB.
·         Bíblia de Estudo de Genebra- Ed,1999- Cultura Cristã.
·         Bíblia Sagrada – Antigo e Novo Testamento. Ed, 2006. SBS – Sociedade Bíblica do Brasil.
·         DOUGLAS, J.D  - Novo Dicionário Bíblico. Ed. Revisada, Vida Nova. 
·         FAITH, Eunice Priddy. Mulheres na Bíblia. Ed. 2010. Loyola
·         SIQUEIRA, Neyd. A Bíblia da Mulher Que Ora - Tradução dos artigos e das meditações. Ed, 2007. Mundo Cristão.

                                    






terça-feira, 24 de setembro de 2013

OS PARTIDOS POLÍTICO NO TEMPO DE JESUS - Tiago Tenório Filgueira

OS PARTIDOS POLÍTICO NO TEMPO DE JESUS

Tiago Tenório Filgueira[1]

RESUMO

Este trabalho se compromete em estudar a diversidade dos partidos políticos no tempo de Jesus, abordando os aspectos históricos, doutrinários e relacionados com o texto bíblico. O tema Neste trabalho foi abordado os partidos políticos utilizando como fonte de pesquisa bíblia sagrada, dicionário bíblico e diversos artigos publicados na internet.

Palavras-chave: Partidos Políticos, Religião, Jesus, Evangelho.

1 INTRODUÇÃO

Na época de Jesus, a sociedade judaica possuía diversos grupos religiosos com várias interpretações sobre os comportamentos da religião na comunidade israelita.
Insta destacar inicialmente que tais grupos eram ao mesmo tempo religiosos e políticos, pois a mesma lei que organizava os cultos ao Jeová Deus, era o mesmo que regia a vida política do povo.
Assim sendo, os grupos religiosos eram também autênticos partidos políticos, pois usavam o nome de Deus para favorecer programas políticos de interesses pessoais.
Podemos observar que nos evangelhos, o Senhor Jesus Cristo atacou com bastante ênfase os partidos políticos, conforme se observa abaixo nas citações da Sagrada Escritura[2]:

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos, Mateus 23:29

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo. Mateus 23:14

Guardai-vos dos escribas, que querem andar com vestes compridas; e amam as saudações nas praças, e as principais cadeiras nas sinagogas, e os primeiros lugares nos banquetes; Lucas 20:46

E Jesus disse-lhes: Adverti, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus. Mateus 16:6

Diante do exposto, apresentarmos abaixo um breve estudo sobre os comportamentos, crenças e pensamentos dos partidos políticos na época de Jesus.

2 OS FARISEUS

O primeiro partido religioso e político que destaco nesta breve exposição são os Fariseus.
Os Fariseus na época de Jesus eram um grupo de judeus extremamente conservadores, que observavam os mínimos detalhes da Torá e que se mantinham como um grupo à parte, não se misturando com os restantes dos judeus e afectando grande misericórdia, piedade e santidade.
Os fariseus sempre foram um grupo de minoria, que no tempo de Herodes, o número de fariseus orçava em pouco mais de 6.000 (seis mil) indivíduos. A amargura posterior de suas relações com o povo comum é exibia por muitos trechos talmúdicos do Segundo Século D. C., indica que o rigor de sua interpretação sobre a lei não tinha atração intrínseco.
A principal atração que os fariseus exerciam entre o povo é que vinham principalmente da classe média inferior e das melhores classes de artífices, e procuravam genericamente fazer a lei torna-se suportável pelo povo.
Os fariseus acreditavam que Deus controlava todas as coisas, mas que decisões tomadas por indivíduos também contribuíram para o que acontecia no curso da vida de uma pessoa.
Ora fato interessante é que os fariseus acreditavam na ressurreição dos mortos, como podemos ver em Atos dos Apóstolos no capítulo 23 (vinte e três) e versículo 6 (seis): E Paulo, sabendo que uma parte era de saduceus e outra de fariseus, clamou no conselho: Homens irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseu; no tocante à esperança e ressurreição dos mortos sou julgado.
Os fariseus, por sua vez, frisavam o cumprimento individual de todos os aspectos da lei, da qual o culto era apenas uma parte, como a razão de sua existência.
Os ensinamentos básicos dos fariseus era a crença que o exílio babilônico fora causado pelo fracasso de Israel em observar a Torá, e que sua observância era um dever tanto individual como nacional.
Os fariseus eram convencidos de que possuíam a correta interpretação da Torá, e afirmavam que essas tradições dos anciãos vinham de Moises e desde o Sinai, conforme se observa no texto sagrado mencionado abaixo:

Porque os fariseus, e todos os judeus, conservando a tradição dos antigos, não comem sem lavar as mãos muitas vezes; Marcos 7:3

Criam também na insistência absoluta acerca da unidade e santidade de Deus, da eleição de Israel e da autoridade absoluta da Torá para o povo de Israel, toda a ênfase da religião farisaica era ética e não teológico.
A condenação de nosso Senhor Jesus contra eles tem de ser interpretada a luz do fato indubitável que é eticamente estava acima da maioria de seus contemporâneos.
A ênfase farisaica especial sobre o dízimo, e sua recusa de adquiriu alimentos ou toma refeição em casas de não fariseus, para que não acontecesse que o dízimo do alimento não tivesse sido pago, se devia a pesadíssima sobrecarga criada por dízimo sobre postos aos tributos. Para os fariseus o dízimo completamente pago era sinal de lealdade a Deus.
Outra coisa importante é que os fariseus eram voltados mais para as questões ligadas a religião, e defendiam a separação entre o Estado e a religião, e achavam que o primeiro devia ser regido pela Torá.
Eram comprometidos com a obediência a todos os mandamentos de Deus, eram admirados pelo povo por sua aparente devoção. Conforme se observa no texto sagrado, a devoção dos Fariseus era hipócrita, tanto que a palavra fariseu tornou-se sinônimo de hipocrisia e fingimento, até os dias de hoje. Tornaram-se tão obcecados pela obediência a cada minúcia da lei, que ignoravam completamente a mensagem de misericórdia e graça de Deus.

3 SADUCEUS

            O nome e a origem do partido dos Saduceus são, igualmente, pontos debatidos. Tal nome tem sido derivado de Zadoque, ou o contemporâneo de Salomão cujos descendentes eram considerados como a linhagem pura sacerdotal, senão vejamos o que diz Ezequiel:

 Mas os sacerdotes levíticos, os filhos de Zadoque, que guardaram a ordenança do meu santuário quando os filhos de Israel se extraviaram de mim, eles se chegarão a mim, para me servirem, e estarão diante de mim, para me oferecerem a gordura e o sangue, diz o Senhor DEUS. Ezequiel 44:15

E será para os sacerdotes santificados dentre os filhos de Zadoque, que guardaram a minha ordenança, que não se desviaram, quando os filhos de Israel se extraviaram, como se extraviaram os outros levitas. Ezequiel 48:11

Quanto às maneiras, os Saduceus eram um tanto rudes, mostrando-se violentos tanto com seus adversários como com seus aliados, e considerando uma virtude disputar com seus mestres.
Não tinham seguidores entre a população, mas restringiam-se entre os ricos. Eram mais severos no julgamento que os demais judeus.
Importante dizer, que nem todos os sacerdotes eram Saduceus, mais quase todos os Saduceus, entretanto, parecem ter sido sacerdotes, especialmente pertencentes às famílias sacerdotais mais poderosas.
Sob os primeiros hasmoneanos, alguns Saduceus ocupava posição na gerúsia (Senado ou Sinédrio).
Os Saduceus desfrutavam do favor dos governantes hasmoneanos até o Reinado de Salomé Alexandra (76-67 a.C) que dava maior preferência aos fariseus.
Sob o Herodes, e sob os romanos, os Saduceus predominava no Sinédrio.
Segundo alguns historiadores, o partido desaparecer com a destruição do templo em 70 D.C.
Quanto à religião, os Saduceus eram notabilizados por serem conservadores. Negavam a validade permanente de qualquer escrito sagrado além das leis escritas do Pentateuco.
Rejeitavam as doutrinas mais adiantadas de alma e dos pós-vida, da ressurreição, das recompensas e retribuições, dos anjos e demônios.
Acreditavam que não existe destino, que os homens têm a livre escolha entre o bem e o mal, sendo que a prosperidade ou a adversidade era o resultado de suas próprias ações.

4 ESSÊNIOS

Os essênios são uma espécie de monges que viviam em comunidade nas margens do Mar Morto (a sua doutrina passou a ser mais conhecida depois da descoberta dos manuscritos de Qumrân, por um jovem pastor beduíno – Muhammad edh-Dhib - em 1947). Era um grupo religioso existente no tempo de Jesus (muito embora a Bíblia não os mencione), e eram compostos com cerca de 4.000 homens que se dedicam a uma vida ascética, formaram várias colônias em varias cidades da Judéia e no deserto de Engadi.
O que os diferenciavam dos demais judeus eram suas condutas, quais sejam, vestiam-se sempre de branco, aboliam a propriedade privada, eram vegetarianos, apesar de aprovarem o casamento, se abstinham dele, tomavam banho antes das refeições, e a comida seguia um ritual muito rígido de purificação.
Necessário dizer, que os essênios observavam a moralidade, prometiam honrar a Deus, ser justos para com todos, não fazer mal a ninguém, ser fies uns para com os outros, odiar o mal, promover o bem, principalmente para com as autoridades, amar a verdade, desmascarar os mentirosos, guardar as mãos contra os frutos e conservar a consciência livre de negócios ilícitos.

5 HERODIANOS

Os herodianos eram um grupo de judeus que se opunham a Jesus e apoiavam os Herodes, linhagem de reis judeus dos dias de Jesus. Favoreciam o governo de Roma, de onde provinha a autoridade deles.
Os Saduceus da extrema esquerda eram conhecidos como os herodianos. Tirando o nome da família  de Herodes, eles vaseavam suas esperanças nacionais nessa família e olhavam para ela com respeito ao cumprimento das profeciais acerca do Messias. Eles surgiram em 6 d. C, quando Arquelau, filho de Herodes, o Grande, foi deposto, e Augusto César enviou um procurador, Copônico.
Eram partido político não religioso, pregavam incondicional fidelidade a Herodes quanto ao pagamento dos tributos. Julgavam que a Lei de Moisés podia ser violada para se construir templos de idolatria aos romanos e seus imperadores, ou seja, eram uma espécie de mistura de judaísmo com romanismo pagão.
 Eram aliados aos fariseus em oposição a Jesus. Este grupo é mencionado nos seguintes termos:

E enviaram-lhe os seus discípulos, com os herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro, e ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, e de ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos homens. Mateus 22:16
E, tendo saído os fariseus, tomaram logo conselho com os herodianos contra ele, procurando ver como o matariam. Marcos 3:6
E enviaram-lhe alguns dos fariseus e dos herodianos, para que o apanhassem nalguma palavra. Marcos 12:13

6 PUBLICANOS

Os publicanos era uma classe imposta aos judeus pelos dominadores romanos com a missão de lhes coletarem os impostos.
Como funcionários romanos, eram odiados e escorraçados. Muitos judeus se tornaram publicanos devido à rentabilidade da profissão: o chefe dos publicanos, em Roma, impunha uma taxa e distribuía aos seus subordinados que, por sua vez, quadruplicavam e repassavam as taxas, e assim sucessivamente.
Importante dizer, que os publicanos eram repudiados pelos fariseus, pois era um judeu que cobrava impostos para nação dominadora.
Ao estudar os evangelhos, percebemos que alguns publicanos converteram-se ao cristianismo, entre os quais Mateus deixou o ofício para torna-se apóstolo e Zaqueu ao receber a hanra de ser visitado por Jesus, promoveu resituição a todos que havia defraudado, vejamos o texto bíblico:

E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na alfândega um homem, chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.  Mateus 9:9

E, tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando.
E eis que havia ali um homem chamado Zaqueu; e era este um chefe dos publicanos, e era rico. E procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura. E, correndo adiante, subiu a uma figueira brava para o ver; porque havia de passar por ali. E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa. E, apressando-se, desceu, e recebeu-o alegremente. E, vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador. E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.
Lucas 19:1-10

7 ZELOTES

Os zelotes era um grupo que descendiam de Judas de Gâmala, que incitou os judeus a uma revolta contra Roma, no ano seis devido ao senso da taxação. Eram chamados zelotes pelo zelo excessivo da lei de Moisés, o que faziam à custa de espada. Tinham também o nome de sicários, nome que deriva de sica, arma romana que usavam em defesa da lei mosaica.
O objetivo dos zelotes era desfazer a opressão romana e proclamar o reino messiânico. Alguns definem os zelotes como legalistas, pietistas, messianistas, nacionalistas, intolerantes dos judeus impiedosos.
Nos evangelhos, percebemos que um dos apóstolos de Jesus Cristo é referido como "Simão, o Zelote", senão vejamos:

Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote;
Lucas 6:15

E, entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, irmão de Tiago.Atos 1:13

8 SAMARITANOS

Os samaritanos eram um pequeno grupo étnico-religiosos aproximados aos judeus que habitava nas cidades de Holon e Nablus situadas em Israel e na Cisjordânia respectivamente.
religião dos Samaritanos baseia-se no Pentateuco, tal como o judaísmo. Contudo, ao contrário deste, o samaritanismo rejeita a importância religiosa de Jerusalém.
A origem dos samaritanos, ocorreu depois da morte de Salomão, em cerca de 930 a.C., aonde as dez tribos do norte separaram-se e formaram o reino de Israel, também conhecido como reino da Samaria, devido ao nome da cidade que se tornou a sua capital no século IX a.C. Este reino tornou-se vizinho e por vezes rival do reino do Sul, o reino de Judá.
A degradação do reino de samaria ocorreu no ano de 722 a.C, onde os Assírios conquistaram o reino de Israel, transformando-os numa província do seu império.
Um das características desse grupo era o casamento misto, entre judeus e estrangeiros, trazendo elementos pagãos para a religião hebraica.
Era a classe mais odiada pelos judeus. Sargão, rei da Assíria, levou cativos os judeus do norte e, para Samaria, levou povo estrangeiro. Esse povo era idólatra. Nos tempos de Jesus aumentou o conflito, tendo-se em vista a construção de um templo rival no Monte Gerizim.
De tal maneira se acentuaram as rivalidades entre eles que os judeus consideravam os samaritanos como cães.

9 REFERÊNCIAS

DOUGLAS, J. B. et al. O novo dicionário da bíblia. 2.ed. São Paulo: Vida Nova, 1995.

FARISEUS, ZELOTES, ESSÊNIOS, HERODIANOS, PUBLICANOS, ESCRIBAS, SAMARITANOS. Disponível em:< http://folhabatista.com.br/evangelismo/fariseus-zelotes-essenios-herodianos-publicanos-escribas-samaritanos/. Acesso em: 19 set. 2013.

BÍBLIA SAGRADA. Disponível em:< http://www.bibliaonline.com.br/acf/atos/1. Acesso em: 19 set. 2013.

DICIONÁRIO BÍBLICO. Disponível em: < http://biblia.com.br/dicionario-biblico/h/herodianos/. Acesso em: 19 set. 2013.

Quem eram os essênios? Disponível em: < http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quem-eram-os-essenios. Acesso em: 19 set. 2013.




[1] Graduando em Bacharel em Teologia – Seminário Teológico Pentecostal do Nordeste – Recife/PE – tiagofilgueira@hotmail.com     

[2] <http://www.bibliaonline.com.br/>acessado em 19/09/2013.     

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

MÉTODOS DE ENSINO DE JESUS - Isis Nascimento da Silva

MÉTODOS DE ENSINO DE JESUS

Isis Nascimento da Silva

RESUMO
Dentre os títulos de tratamento mais frequentemente aplicados a Jesus nos Evangelhos, podemos destacar o termo “mestre”. O ministério de Jesus foi, sobretudo, o do ensino. Jesus, por onde passava, criava situações que visavam o aprendizado daqueles que o cercavam e seguiam.  Os Evangelhos estão repletos de referências ao ensino de Jesus, e o conteúdo do seu ensino não dizia respeito apenas à salvação, mas também à justiça; isto é, Ele não estava preocupado apenas em ensinar as pessoas a obterem a salvação, mas igualmente procurava ensiná-las a viver. O presente texto tem como objetivo fornecer informações sobre a metodologia que Jesus frequentemente usava com os seus discípulos e interlocutores. Ele ensinava com clareza e objetividade as coisas concernentes ao reino de Deus. O ministério de ensino desenvolvido por Jesus revela o Seu desejo de que os Seus seguidores entendessem o conteúdo de sua fé e progredissem em conhecimento espiritual.
Palavras-chave: Ensino. Mestre. Evangelho. Metodologia. Exemplo.


INTRODUÇÃO

O ministério de Jesus teve abrangência total em todas as áreas da vida humana. Para atender às necessidades do povo, Jesus fazia três coisas: ensinava, pregava e curava (Mt 9.35).
Ele preocupou-se com o ensino, da mesma forma como fez com relação à pregação do reino de Deus.
Também se preocupou em minimizar o sofrimento das pessoas curando-as, libertando-as e consolando-as.
Seus ensinamentos eram de tal maneira ministrados, que todos os ouvintes ficavam perplexos e maravilhados pela convicção, sabedoria e autoridade como os transmitia (Lc 4.32).
Pela pregação Ele anunciava as boas novas de salvação; pelo ensino, edificava a fé dos que criam, e pelos milagres, manifestava Seu poder, Sua divindade e glorificava ao Pai. Esse mesmo ministério tríplice foi ordenado e confiado à Igreja (Mt 28.19; Mc 16.15,18).

1JESUS FOI O GRANDE MESTRE

A mensagem de Cristo era a expressão da autoridade de um ensinador autêntico da palavra de Deus, que, no princípio, criou o Universo, e tem poder para estabelecer uma nova vida naquele que recebe com fé e obediência.
Das 90 vezes que alguém se dirigiu a Cristo nos Evangelhos, 60 vezes Ele é chamado de “Mestre”. Tornou-se conhecido como Mestre, mesmo por aqueles que não demonstravam simpatia por Ele, graças à Sua sabedoria e o Seu poder.
Entende-se que a maior preocupação quando ensinava era que houvesse, de fato, mudança verdadeira de comportamento, não só dos discípulos, mas de todos aqueles que criam em Suas palavras.
Desejava que as pessoas aprendessem a amar a Deus e ao próximo como a si mesmas (Mc 12.30,31; Mt 19.19); que soubessem praticar o perdão, a misericórdia e a justiça (Mt 5). Só assim seriam bem-aventurados.
Instruía constantemente seus discípulos, quanto à conduta espiritual (Mt 6.33). Como deveriam orar (Mt 6.9-18) e como deveriam portar-se diante do mundo (Mt 5.13-16).
Usava métodos diversos para se fazer entendido. Ora ensinava por parábolas (Lc 11.5-10); ora utilizava motivação visual (Mt 6.25-28); em outra ocasião se valia de um exemplo (Mc 12.41-44); em outros casos fazia questionamento acerca do assunto para ouvir respostas (Jo 4.7-26) e acrescentar os seus ensinamentos. Jesus conhecia a matéria que ensinava e também os seus alunos e o que havia de bom neles.
Nicodemos disse a Jesus: “Sabemos que és mestre vindo da parte de Deus(Jo 3.2). Atualmente, à semelhança de Nicodemos, milhares de pessoas afirmam o mesmo em relação ao Senhor. Aquele fariseu chamou Jesus “Rabi”, que significa um grande ensinador.
Ele, de fato, foi o Mestre dos mestres. O Rabi por excelência.

2CARACTERÍSTICAS DO ENSINO DE JESUS

Para ensinar e também para pregar, Jesus comparecia costumeiramente às sinagogas (Lc 4.14-32; Mc 6.2), ocasião em que todos se maravilhavam com suas palavras persuasivas. Além das sinagogas, o Senhor Jesus ensinava e pregava em qualquer lugar onde tivesse ouvintes: casas particulares (Mc 2.1; Lc 5.17); no templo (Mc 12.35); nas aldeias (Mc 6.6); às multidões (Mc 6.34); a pequenos grupos e individualmente (Lc 24.27; Jo caps. 3 e 4).
Mudava o tom da pregação de acordo com a necessidade de quem ouvia; às vezes com a ternura e a compaixão daquele que sente a dor e necessidade do próximo; ora advertindo com indignação; outras vezes com um tom generoso; ou reprovando e profetizando juízo. Às vezes, em tom solene. Em outros momentos com conversa familiar. Mas sempre dotado de expressão de amor e de compaixão.
Ninguém jamais transmitiu ensinos tão profundos quanto aos de Jesus. Seus ensinos foram os mais simples, e alcançaram todas as classes sociais. As verdades mais profundas e sérias eram expostas com um caráter de pura revelação dos mistérios de Deus ao povo humilde. Em frases curtas, expunha as verdades mais profundas a respeito da Lei e da Graça, do futuro e da eternidade, do Céu e do inferno.
Suas palavras produziam nos ouvintes o impacto capaz de despertar as consciências adormecidas, conduzindo-as à realidade dos deveres para com Deus. Foi capaz de resumir toda a lei e ordenanças do Antigo Testamento em dois preceitos que ocuparam pequeníssimo espaço (Mt 22.37-40). Ilustrou com parábolas comuns, e os imprimia na mente e na consciência dos ouvintes, levando-os a confessar: “Jamais alguém falou como esse homem(Jo 7.46).
Seus ensinos tinham abrangência universal, pois foram transmitidos para os judeus e todos os povos, em qualquer lugar e época. Muito longe de serem filosofias complicadas, seus ensinos apontavam a solução para os problemas de todas as classes, e vinham ao encontro das necessidades de todos os homens. A clareza de pensamentos e ilustrações práticas que assinalavam os ensinos de Jesus tornaram-nos adaptáveis às crianças e aos velhos, a pescadores e mestres da lei, no Seu tempo e em nossos dias.

3OS MÉTODOS DE ENSINO DE JESUS

Jesus não esboçava o Seu ensino em ordem didática. Ele ensinava conforme a ocasião lhe oferecia a oportunidade. Isto não quer dizer que respondesse ao acaso. Dava Suas respostas, segundo Sua prévia experiência com Deus e com os homens. Cristo possuía mente penetrante e célebre em encontrar o centro vital das questões.
Utilizou a linguagem do povo, fez uso de figuras familiares, comuns e inteligíveis; Jesus fazia palestras, contava histórias,utilizava frequentemente o método de perguntas e respostas, utilizava debates e discussões, no Seu ensinonão especulou e nem falou com arrodeio. Ele ensinava para ter resultados práticos. Não lidava com hipóteses. Visava o tornar a vida mais eficiente, útil, bela e pura. Seu falar era franco, para que não houvesse dúvida.
 Ele procurava um ponto de contato entre a Sua mente e o modo de pensar dos que O ouviam. Conduzia o pensamento dos ouvintes às regiões mais altas. Isto percebemos, essencialmente, na preparação dos apóstolos. Primeiro, pelo ensino sobre o reino que Ele viera estabelecer. Segundo, sobre as qualidades do Instaurador do Reino. Era um Mestre misericordioso, amigo dos pobres e sofredores. Isto lhes ensinou a expulsar os demônios, curar os enfermos, ressuscitar os mortos e fartar os famintos no deserto.
As mensagens de Cristo produziam em seus ouvintes atitudes definidas. Ao Mestre interessava também a qualidade da Sua palavra. Não deixava os ouvintes em segundo plano. Ensinava-lhes como usar, na vida diária, o que lhes transmitiu. O ensino era para Jesus o instrumento e não o fim. Por isso, sua mensagem era precisa, perscrutadora, penetrante como espada de dois gumes. Suas palavras não alcançavam só o intelecto dos ouvintes, mas, principalmente o coração. Eles eram ministrados no poder do Espírito Santo, qual resplendor de luz a dissipar as trevas das dúvidas, implantando no seu coração profunda convicção da verdade.
Aos que O censuravam por comer com publicanos e pecadores, respondeu que os sãos não precisam de médicos, e sim os doentes (Mt 9.12). Aos fariseus proferiu a parábola do Bom Samaritano, que lhes ensinou uma grande lição de vida. Mostrou-lhes que o nosso próximo é todo aquele que precisa de auxílio, amor, conforto e carinho (Lc 10.25-37).

4A CORAGEM DO MESTRE

Tem surgido um sem número de mestres, religiosos ou seculares, sempre prontos a “subornar” seus primeiros seguidores. Mas Jesus não fez grandes promessas quando começou seu ministério. Segundo a Bíblia, quando chamava seus seguidores, limitava-se a dizer-lhe: “Segui-me(Jo 1.43). Mais surpreendente ainda é o fato de que Ele não usava qualquer influência para promover Sua causa.
João conta a história de Nicodemos chegando à noite para visitar Jesus. Ele descreve Nicodemos como sendo “um dos principais dos judeus” (Jo 3.1). Membro de uma seita religiosa das mais conservadoras, cujo nome significa “aqueles que são separados”, João tenciona chamar a atenção dos leitores para o fato de que aquele homem que estava procurando Jesus não era uma pessoa qualquer.Imaginem que dividendos renderia tê-lo como um dos primeiros a se converter!Jesus ouviu as palavras gentis de Nicodemos: “Rabi, sabemos que És Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que Tu fazes, se Deus não estiver com ele”(Jo3.2).Jesus olhou de frente para aquele líder religioso, competente e conceituado, e disse-lhe apenas: “É preciso nascer de novo”. Jesus fez a Nicodemos uma exigência espiritual.
A hora escolhida por Nicodemos para encontrar-se com Jesus indica que um homem na sua posição havia de sentir-se envergonhado de ser visto em público com aquele novo rabi controvertido, de nome Jesus.Jesus poderia ter sido absorvido pela lisonja. Poderia ter dito: “Estou honrado com sua presença aqui”. Falando da maneira com que falou, Jesus mostrou coragem, audácia e compaixão. Não se preocupou em ir contra o “sistema” e nem ridicularizou Nicodemos.
A sociedade recebe de braços abertos os elementos da igreja que aceitam sem relutância todos os tipos de crença. Nossa cultura é receptiva aos líderes de igreja que não fazem exigências morais rigorosas. O mundo atual parece sempre disposto a receber uma cristandade sem força moral,irresoluta, que vê Deus em tudo e tudo em Deus. Mas esse não é o estilo de Jesus. O estilo de Jesus exige coragem — para falar a verdade em amor.Se alguma coisa aprendemos do estilo de Jesus, é que a verdade vem acima de tudo. Jesus nunca lançou mão de meios escusos para conseguir“vender mais”. Ele não facilitou as coisas com promessas.Às vezes, chegou mesmo a desencorajar candidatos a segui-lo,mostrando as dificuldades e o preço do discipulado. Não desejava queabraçassem a nova fé ignorando o que o futuro reservava para os seusseguidores.
Não precisamos de mais moralistas na nossa sociedade atual; omundo está cheio deles. Precisamos, sim, de mestres que nos conduzamcorajosamente, que conheçam a verdade e a proclamem sem medo. Nãoprecisamos que nos digam quais são as nossas abnegações; precisamos dacoragem de Cristo para fazer aquilo que já sabemos muito bem quedevemos fazer.

5O PERDÃO DO MESTRE

Nenhum outro episódio da Bíblia mostra tão bem o lado bondoso e perdoador de Jesus como a história da mulher flagrada em adultério (Jo 7.53-8.11).Como aquela mulher deve ter-se sentido acuada em meio a todos aqueles homens pressionando-a! O medo, a dor e a culpa devem ter sido horríveis. No entanto, Jesus tratou-a como pessoa e não como objeto.Jesus não repreendeu a mulher com um sermão a respeito da sua imoralidade, como muitos líderes poderiam fazer atualmente. Ele não tentou convencê-la dos prejuízos que, com aquela atitude, ela havia causado a si mesma e à sua família.
Primeiro, ele a aceitou. “Mulher, onde estão àqueles teus acusadores”? Ninguém te condenou? (Jo 8.10). Com isso Jesus mostrou que estava ciente doseu pecado, sem, contudo, tornar ainda mais pesado seu fardo.Jesus falou com dureza aos que negavam seus pecados e procuravam esconder suas falhas. Mas os que já se achavam sobrecarregados de sofrimento e abalados pelo sentimento das faltas cometidas, a estes, Jesus encorajava. Jesus condenava o pecado, mas, com toda compaixão,levantava o pecador.
Qual foi a segunda coisa que Jesus fez por aquela mulher? Ele a perdoou.“Nem eu tão pouco te condeno; vai, e não peques mais”(v.11). Nessas poucas palavras Jesus disse tudo que ela precisava ouvir. Fez com que ela soubesse que havia sido perdoada, mas preveniu-a para não voltar acometer o mesmo erro.
Os cristãos primitivos aprenderam a perdoar através do exemplo do próprio Jesus. Nos momentos mais sombrios de sua vida, ele suplicou ao Pai que perdoasse seus executores. Um ano mais tarde, o primeiro mártir cristão que conhecemos Estevão, fez a mesma coisa.Enquanto estava sendo atingido por grandes pedras, que lhe tiraram avida orava: “Não lhes imputes este pecado” (At 7.60).O perdão não diz apenas: “Não tenho nada contra você. Deseja também que o culpado seja perdoado por Deus. Às vezes achamos muito difícil pedir e desejar de coração que seja assim. Mas, como Jesus e Estevão nos mostraram, não é impossível”.


6OS COSTUMES E O MESTRE

No Evangelho de João 5.1-15 está registrado algo notável que Jesusfez. Um homem enfermo por trinta e oito anos, de uma enfermidade que odeixava inválido, jazia à beira do tanque de Betesda. Jesus chegou até junto do inválido e perguntou-lhe: “Queres ser curado?”(V.6.). Ele queria, e Jesus o curou.“E aquele dia era sábado” (v.9). Depois dacura, o homem pegou o leito onde havia estado por tanto tempo e saiu emdireção à sua casa.Tão logo os líderes religiosos ficaram sabendo da cura, não se detiveram um instante sequer para se alegrarem. Ao contrário,ficaram zangados. E disseram ao homem: “Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito” (v.10).
Na época de Jesus, as instituições religiosas já tinham se tornado um complexo de regras e regulamentos, que escravizavam as pessoas. Jesus rompeu com esses costumes. Aos olhos deles Jesus havia cometido um dos piores pecados. Havia violado a lei do Sabbath, e eles não podiam deixar passar em branco uma coisa dessas. Jesus tentou mostrar-lhes a diferença entre fazer bom uso das regras e abusar delas, entre ajudaras pessoas e escravizá-las, e aproveitou a ocasião para informar aos seus ouvintes do seu relacionamento exclusivo com o Pai.Esse incidente não foi criado para estimular as pessoas a desobedecerem às leis constantemente ou para ficarem contra o “sistema”. Pelo contrário, o que Jesus queria era mostrarmuito claramente que as pessoas tem prioridade sobre os regulamentos.
Jesus coloca as pessoas em primeiro lugar e os regulamentos em segundo. As necessidades humanas vêm primeiro, as tradições depois. O reino de Deus vem primeiro — e tudo mais vem depois. As pessoas que seguem o ensino de Jesus não rompem com tradições só por fazê-lo. Os costumes e as tradições podem trazer grandes benefícios.Geralmente, foram adotados por boas razões. Mas quando o costumeinterfere nos interesses e necessidades humanas, devemos pôr de lado os regulamentos.

7O MESTRE E A VERDADE

Jesus não apenas ensinou que deveríamos dizer a verdade; ele personificou a própria verdade. Depois de ter sido traído, nosso Senhor compareceu perante o sumo-sacerdote e foi por ele interrogado.Interessante notar que, qualquer que tenha sido o tamanho da lista de acusações feitas contra ele, não consta a de mentiroso. Seus inimigos disseram que ele havia blasfemado quando disse ser igual a Deus; disseramque estava possesso do demônio; acusaram-no de trabalhar no dia sagrado do descanso, porque havia feito uma cura naquele dia. Mas mesmo os seus piores detratores nunca conseguiram apanhá-lo mentindo — porque elefalava apenas a verdade.
Precisamos seguir o exemplo de Jesus nesse particular.Ele falou a verdade, mesmo quando a popularidade exigia uma mentira. Falou a verdade mesmo quando isso acarretava o risco de ser abandonado pelas multidões (Jo 6.66). Falou a verdade porque ele é a própria verdade, e não pode negar a Si mesmo.Para muitos a luta pela sinceridade pode ser uma batalha para a vidatoda. Isto quer dizer que devem estar sempre alertas, perseguindo esseobjetivo, tendo, porém, diante de si o exemplo do caminho, a verdade e avida.

8A GENEROSIDADE DO MESTRE

Um acontecimento que ilustra a atitude generosa de Jesus Cristo é oepisódio onde ele alimentou os 5.000 (Jo 6.1-14). Jesus pegou o alimento que serviria de refeição a um menino emultiplicou aquela pequena quantidade de maneira a alimentar toda amultidão que o havia seguido. Os autores dizem 5.000 homens, o que talvez signifique que não incluíram as mulheres e crianças presentes.Esse milagre demonstra a generosidade de Jesus em prover as necessidades das pessoas. Ele poderia ter mandado a multidão embora.Poderia ter-lhes prevenido, naquela manhã, que o dia seria longo e que elesnão teriam alimento. Poderia ter-se omitido — “não é problema meu”.Os discípulos, que eram realistas, reconheceram que as pessoas deviam estar com fome, e se preocuparam com elas. Mas do ponto de vistadeles, Jesus não tinha responsabilidade para com aquela multidão; ele nãohavia chamado ninguém para segui-lo. Fizeram, portanto uma sugestão sensata: mandar as pessoas para casa antes que ficasse muito escuro.Quem iria culpar Jesus se ele fizesse isso? Seria per feitamentenatural para todos. Mas Jesus não os mandou embora; deu-lhes o que precisavam. E aí está a generosidade de Jesus.Ele dá mesmo quando não temos direito a reclamações, quando não há razão para pedir, a até quando não estamos esperando nada.Jesus deu àquelas pessoas o que elas não podiam obter por si mesmas.Nesse caso, foi alimento. Para o cego em João 9, foi a visão. Na festa de casamento em João 2, os convidados não tinham razão para esperar que Jesus lhes desse vinho. Mas Jesus, num ato de generosidade, supriu-os do que havia de melhor.







CONCLUSÃO

No término do sermão do monte, Mateus registra o seguinte: “Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam às multidões maravilhadas de sua doutrina; porque Ele a ensinava com quem tem autoridade e não como os escribas” (Mt 7.28,29).
O que distinguia os ensinos de Jesus com os ensinos dos escribas e fariseus era a autoridade com que Ele ensinava. A autoridade da mensagem de Cristo era decorrente do fato de se exemplificar em Sua própria vida. Ele viveu o que ensinou e ensinou o que viveu. Seus ouvintes entendiam melhor o poder da fé, mais pelo Seu exemplo do que pelo Seu ensino, pois a Sua vida e Seus feitos demonstravam visivelmente Sua confiança em Deus, para triunfar em todas as circunstâncias adversas. Ensinou o valor da oração, e Ele mesmo passava a noite orando (Lc 6.12); o dever de perdoar, e perdoou solenemente, durante a Sua vida, até a morte. Lucas, ao relatar a Teófilo o ministério do Mestre, coloca em primeiro lugar a ação e depois a palavra, ressaltando o que “Jesus fez e ensinou” (At 1.1). Não eram assim os escribas e fariseus, os produtos do que tinham em mente, eram destituídos de vida e poder. No entanto, a doutrina de Jesus possuía força de decreto da autoridade competente. Suas lições eram leis; suas mensagens, mandamentos.


REFERÊNCIAS
SILVA, Antônio Gilberto da.Manual da escola dominical: um curso de treinamento para professores iniciantes e de atualização de atualização de professores veteranos da escola dominical. 17 ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1998. 256 p. ISBN 852630207-8
YOUSSEF, Michael. O estilo de liderança de jesus: como desenvolver as qualidades de liderança do bom pastor. Trad. De Ruth Vieira Ferreira. Minas Gerais: Editora Betânia, 1987. 168 p.
COHEN, Walmir. Etapas da vida de jesus. Lições da Bíblia. Rio de Janeiro, n. 3, p. 35-37, 2005. Trimestral. ISSN 1807-4227.
HOLANDA, André. Compromisso. Rio de Janeiro, n. 46, p. 33, 34, 2003. Trimestral.
SOUZA, Estevam Ângelo de. Jesus cristo: ferido de deus. Lições Bíblicas. Rio de Janeiro, p. 55-59, 1994. Trimestral.
LIMA, Elinaldo Renovato de. Os ensinamentos de Jesus para o homem atual. Lições Bíblicas. Rio de Janeiro, p.49, 2000. Trimestral.