OS PARTIDOS POLÍTICO NO TEMPO DE JESUS
Tiago
Tenório Filgueira[1]
RESUMO
Este
trabalho se compromete em estudar a diversidade dos partidos políticos no tempo
de Jesus, abordando os aspectos históricos, doutrinários e relacionados com o
texto bíblico. O tema Neste trabalho foi abordado os partidos políticos
utilizando como fonte de pesquisa bíblia sagrada, dicionário bíblico e diversos
artigos publicados na internet.
Palavras-chave: Partidos
Políticos, Religião, Jesus, Evangelho.
1 INTRODUÇÃO
Na época de Jesus, a sociedade judaica possuía
diversos grupos religiosos com várias interpretações sobre os comportamentos da
religião na comunidade israelita.
Insta destacar inicialmente que tais grupos eram ao
mesmo tempo religiosos e políticos, pois a mesma lei que organizava os cultos
ao Jeová Deus, era o mesmo que regia a vida política do povo.
Assim sendo, os grupos religiosos eram também
autênticos partidos políticos, pois usavam o nome de Deus para favorecer
programas políticos de interesses pessoais.
Podemos observar que nos evangelhos, o Senhor Jesus
Cristo atacou com bastante ênfase os partidos políticos, conforme se observa
abaixo nas citações da Sagrada Escritura[2]:
Ai
de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que edificais os sepulcros dos
profetas e adornais os monumentos dos justos, Mateus 23:29
Ai
de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que devorais as casas das viúvas,
sob pretexto de prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo. Mateus 23:14
Guardai-vos
dos escribas, que querem andar com vestes compridas; e amam as saudações nas
praças, e as principais cadeiras nas sinagogas, e os primeiros lugares nos
banquetes; Lucas
20:46
Diante do exposto, apresentarmos abaixo um breve
estudo sobre os comportamentos, crenças e pensamentos dos partidos políticos na
época de Jesus.
2 OS
FARISEUS
O primeiro partido religioso e político que destaco
nesta breve exposição são os Fariseus.
Os Fariseus na época de Jesus eram um grupo de
judeus extremamente conservadores, que observavam os mínimos detalhes da Torá e
que se mantinham como um grupo à parte, não se misturando com os restantes dos
judeus e afectando grande misericórdia, piedade e santidade.
Os fariseus sempre foram um grupo de minoria, que no
tempo de Herodes, o número de fariseus orçava em pouco mais de 6.000 (seis mil)
indivíduos. A amargura posterior de suas relações com o povo comum é exibia por
muitos trechos talmúdicos do Segundo Século D. C., indica que o rigor de sua
interpretação sobre a lei não tinha atração intrínseco.
A principal atração que os fariseus exerciam entre
o povo é que vinham principalmente da classe média inferior e das melhores
classes de artífices, e procuravam genericamente fazer a lei torna-se
suportável pelo povo.
Os fariseus acreditavam que Deus controlava todas
as coisas, mas que decisões tomadas por indivíduos também contribuíram para o
que acontecia no curso da vida de uma pessoa.
Ora fato interessante é que os fariseus acreditavam
na ressurreição dos mortos, como podemos ver em Atos dos Apóstolos no capítulo
23 (vinte e três) e versículo 6 (seis): “E Paulo, sabendo que uma parte era de
saduceus e outra de fariseus, clamou no conselho: Homens irmãos, eu sou
fariseu, filho de fariseu; no tocante à esperança e ressurreição dos mortos sou julgado”.
Os fariseus, por sua vez, frisavam o cumprimento
individual de todos os aspectos da lei, da qual o culto era apenas uma parte,
como a razão de sua existência.
Os ensinamentos básicos dos fariseus era a crença
que o exílio babilônico fora causado pelo fracasso de Israel em observar a
Torá, e que sua observância era um dever tanto individual como nacional.
Os fariseus eram convencidos de que possuíam a
correta interpretação da Torá, e afirmavam que essas tradições dos anciãos
vinham de Moises e desde o Sinai, conforme se observa no texto sagrado
mencionado abaixo:
Porque os fariseus, e
todos os judeus, conservando a tradição dos antigos, não comem sem lavar as
mãos muitas vezes; Marcos 7:3
Criam também na insistência absoluta acerca da
unidade e santidade de Deus, da eleição de Israel e da autoridade absoluta da
Torá para o povo de Israel, toda a ênfase da religião farisaica era ética e não
teológico.
A condenação de nosso Senhor Jesus contra eles tem
de ser interpretada a luz do fato indubitável que é eticamente estava acima da
maioria de seus contemporâneos.
A ênfase farisaica especial sobre o dízimo, e sua
recusa de adquiriu alimentos ou toma refeição em casas de não fariseus, para
que não acontecesse que o dízimo do alimento não tivesse sido pago, se devia a
pesadíssima sobrecarga criada por dízimo sobre postos aos tributos. Para os
fariseus o dízimo completamente pago era sinal de lealdade a Deus.
Outra coisa importante é que os fariseus eram
voltados mais para as questões ligadas a religião, e defendiam a separação
entre o Estado e a religião, e achavam que o primeiro devia ser regido pela
Torá.
Eram comprometidos com a obediência a todos os
mandamentos de Deus, eram admirados pelo povo por sua aparente devoção.
Conforme se observa no texto sagrado, a devoção dos Fariseus era hipócrita,
tanto que a palavra fariseu tornou-se sinônimo de hipocrisia e fingimento, até
os dias de hoje. Tornaram-se tão obcecados pela obediência a cada minúcia da
lei, que ignoravam completamente a mensagem de misericórdia e graça de Deus.
3
SADUCEUS
O
nome e a origem do partido dos Saduceus são, igualmente, pontos debatidos. Tal
nome tem sido derivado de Zadoque, ou o contemporâneo de Salomão cujos descendentes
eram considerados como a linhagem pura sacerdotal, senão vejamos o que diz
Ezequiel:
Mas
os sacerdotes levíticos, os filhos de Zadoque, que guardaram a ordenança do meu
santuário quando os filhos de Israel se extraviaram de mim, eles se chegarão a
mim, para me servirem, e estarão diante de mim, para me oferecerem a gordura e
o sangue, diz o Senhor DEUS. Ezequiel 44:15
E
será para os sacerdotes santificados dentre os filhos de Zadoque, que guardaram
a minha ordenança, que não se desviaram, quando os filhos de Israel se
extraviaram, como se extraviaram os outros levitas. Ezequiel 48:11
Quanto às maneiras, os Saduceus eram um tanto
rudes, mostrando-se violentos tanto com seus adversários como com seus aliados,
e considerando uma virtude disputar com seus mestres.
Não tinham seguidores entre a população, mas
restringiam-se entre os ricos. Eram mais severos no julgamento que os demais
judeus.
Importante dizer, que nem todos os sacerdotes eram
Saduceus, mais quase todos os Saduceus, entretanto, parecem ter sido
sacerdotes, especialmente pertencentes às famílias sacerdotais mais poderosas.
Sob os primeiros hasmoneanos, alguns Saduceus
ocupava posição na gerúsia (Senado ou Sinédrio).
Os Saduceus desfrutavam do favor dos governantes
hasmoneanos até o Reinado de Salomé Alexandra (76-67 a.C) que dava maior
preferência aos fariseus.
Sob o Herodes, e sob os romanos, os Saduceus
predominava no Sinédrio.
Segundo alguns historiadores, o partido desaparecer
com a destruição do templo em 70 D.C.
Quanto à religião, os Saduceus eram notabilizados
por serem conservadores. Negavam a validade permanente de qualquer escrito
sagrado além das leis escritas do Pentateuco.
Rejeitavam as doutrinas mais adiantadas de alma e
dos pós-vida, da ressurreição, das recompensas e retribuições, dos anjos e
demônios.
Acreditavam que não existe destino, que os homens
têm a livre escolha entre o bem e o mal, sendo que a prosperidade ou a
adversidade era o resultado de suas próprias ações.
4
ESSÊNIOS
Os essênios são uma espécie de monges que viviam em
comunidade nas margens do Mar Morto (a sua doutrina passou a ser
mais conhecida depois da descoberta dos manuscritos de Qumrân, por um jovem
pastor beduíno – Muhammad edh-Dhib - em 1947). Era um grupo religioso existente
no tempo de Jesus (muito embora a Bíblia não os mencione), e eram compostos com
cerca de 4.000 homens que se dedicam a uma vida ascética, formaram várias
colônias em varias cidades da Judéia e no deserto de Engadi.
O que os diferenciavam dos demais judeus eram suas
condutas, quais sejam, vestiam-se sempre de branco, aboliam a propriedade
privada, eram vegetarianos, apesar de aprovarem o casamento, se abstinham dele,
tomavam banho antes das refeições, e a comida seguia um ritual muito rígido de
purificação.
Necessário dizer, que os essênios observavam a
moralidade, prometiam honrar a Deus, ser justos para com todos, não fazer mal a
ninguém, ser fies uns para com os outros, odiar o mal, promover o bem,
principalmente para com as autoridades, amar a verdade, desmascarar os
mentirosos, guardar as mãos contra os frutos e conservar a consciência livre de
negócios ilícitos.
5
HERODIANOS
Os herodianos eram um grupo de judeus que se
opunham a Jesus e apoiavam os Herodes, linhagem de reis judeus dos dias de
Jesus. Favoreciam o governo de Roma, de onde provinha a autoridade deles.
Os Saduceus da extrema esquerda eram conhecidos
como os herodianos. Tirando o nome da família
de Herodes, eles vaseavam suas esperanças nacionais nessa família e
olhavam para ela com respeito ao cumprimento das profeciais acerca do Messias.
Eles surgiram em 6 d. C, quando Arquelau, filho de Herodes, o Grande, foi
deposto, e Augusto César enviou um procurador, Copônico.
Eram partido político não religioso, pregavam
incondicional fidelidade a Herodes quanto ao pagamento dos tributos. Julgavam
que a Lei de Moisés podia ser violada para se construir templos de idolatria
aos romanos e seus imperadores, ou seja, eram uma espécie de mistura de
judaísmo com romanismo pagão.
Eram aliados
aos fariseus em oposição a Jesus. Este grupo é mencionado nos seguintes termos:
E
enviaram-lhe os seus discípulos, com os herodianos, dizendo: Mestre, bem
sabemos que és verdadeiro, e ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, e de
ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos homens. Mateus 22:16
E, tendo
saído os fariseus, tomaram logo conselho com os herodianos contra ele,
procurando ver como o matariam. Marcos
3:6
E
enviaram-lhe alguns dos fariseus e dos herodianos, para que o apanhassem
nalguma palavra. Marcos 12:13
6
PUBLICANOS
Os
publicanos era uma classe imposta aos judeus pelos dominadores romanos com a
missão de lhes coletarem os impostos.
Como
funcionários romanos, eram odiados e escorraçados. Muitos judeus se tornaram
publicanos devido à rentabilidade da profissão: o chefe dos publicanos, em
Roma, impunha uma taxa e distribuía aos seus subordinados que, por sua vez,
quadruplicavam e repassavam as taxas, e assim sucessivamente.
Importante
dizer, que os publicanos eram repudiados pelos fariseus, pois era um judeu que
cobrava impostos
para nação dominadora.
Ao estudar os evangelhos, percebemos que alguns
publicanos converteram-se ao cristianismo, entre os quais Mateus deixou o
ofício para torna-se apóstolo e Zaqueu ao receber a hanra de ser visitado por
Jesus, promoveu resituição a todos que havia defraudado, vejamos o texto
bíblico:
E Jesus, passando adiante
dali, viu assentado na alfândega um homem, chamado Mateus, e disse-lhe:
Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu. Mateus
9:9
E, tendo Jesus entrado em
Jericó, ia passando.
E eis que havia ali um homem chamado Zaqueu; e era este um chefe dos publicanos, e era rico. E procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura. E, correndo adiante, subiu a uma figueira brava para o ver; porque havia de passar por ali. E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa. E, apressando-se, desceu, e recebeu-o alegremente. E, vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador. E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido. Lucas 19:1-10
E eis que havia ali um homem chamado Zaqueu; e era este um chefe dos publicanos, e era rico. E procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura. E, correndo adiante, subiu a uma figueira brava para o ver; porque havia de passar por ali. E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa. E, apressando-se, desceu, e recebeu-o alegremente. E, vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador. E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido. Lucas 19:1-10
7 ZELOTES
Os
zelotes era um grupo que descendiam de Judas de Gâmala, que incitou os judeus a
uma revolta contra Roma, no ano seis devido ao senso da taxação. Eram chamados
zelotes pelo zelo excessivo da lei de Moisés, o que faziam à custa de espada.
Tinham também o nome de sicários, nome que deriva de sica, arma romana que
usavam em defesa da lei mosaica.
O
objetivo dos zelotes era desfazer a opressão romana e proclamar o reino
messiânico. Alguns definem os zelotes como legalistas, pietistas, messianistas,
nacionalistas, intolerantes dos judeus impiedosos.
Nos evangelhos, percebemos que um dos apóstolos de
Jesus Cristo é referido como "Simão, o Zelote", senão vejamos:
E, entrando, subiram ao
cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu
e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, irmão de Tiago.Atos 1:13
8 SAMARITANOS
Os
samaritanos eram um pequeno grupo étnico-religiosos aproximados aos judeus que
habitava nas cidades de Holon e Nablus situadas em Israel e na Cisjordânia
respectivamente.
A religião dos
Samaritanos baseia-se no Pentateuco,
tal como o judaísmo.
Contudo, ao contrário deste, o samaritanismo rejeita a importância religiosa
de Jerusalém.
A
origem dos samaritanos, ocorreu depois da morte de Salomão, em cerca de 930 a.C.,
aonde as dez tribos do norte separaram-se e formaram o reino de Israel,
também conhecido como reino da Samaria, devido ao nome da cidade que se tornou
a sua capital no século IX a.C.
Este reino tornou-se vizinho e por vezes rival do reino do Sul, o reino de
Judá.
A
degradação do reino de samaria ocorreu no ano de 722 a.C, onde os Assírios conquistaram
o reino de Israel, transformando-os numa província do seu império.
Um
das características desse grupo era o casamento misto, entre judeus e
estrangeiros, trazendo elementos pagãos para a religião hebraica.
Era
a classe mais odiada pelos judeus. Sargão, rei da Assíria, levou cativos os
judeus do norte e, para Samaria, levou povo estrangeiro. Esse povo era
idólatra. Nos tempos de Jesus aumentou o conflito, tendo-se em vista a
construção de um templo rival no Monte Gerizim.
De
tal maneira se acentuaram as rivalidades entre eles que os judeus consideravam
os samaritanos como cães.
9 REFERÊNCIAS
DOUGLAS,
J. B. et al. O novo dicionário da
bíblia. 2.ed. São Paulo: Vida Nova, 1995.
FARISEUS,
ZELOTES, ESSÊNIOS, HERODIANOS, PUBLICANOS, ESCRIBAS, SAMARITANOS. Disponível em:< http://folhabatista.com.br/evangelismo/fariseus-zelotes-essenios-herodianos-publicanos-escribas-samaritanos/. Acesso em: 19 set. 2013.
DICIONÁRIO
BÍBLICO.
Disponível em: < http://biblia.com.br/dicionario-biblico/h/herodianos/. Acesso em: 19 set. 2013.
Quem eram os essênios? Disponível
em: < http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quem-eram-os-essenios. Acesso em: 19 set. 2013.
[1]
Graduando em Bacharel em
Teologia – Seminário Teológico
Pentecostal do Nordeste – Recife/PE – tiagofilgueira@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário