ORAÇÃO NA VIDA DE
JESUS
Marcos Mizael Gusmão de Lima
Resumo: Este artigo tem por
finalidade explorar um pouco da Oração na Vida de Jesus. Nos escritos sagrados,
observamos Jesus como àquele que ora várias vezes ao Pai, o mestre que nos
ensina a Orar, a estabelecer esta comunicação com o Deus Pai, que está no Céu.
Mesmo sendo o Deus em forma de homem, Ele nos traz a lição, o conceito e o
princípio da Oração, vencendo paradigmas e culturas distorcidas, daquilo que
realmente deve ser a essência deste princípio. Através da vida e ministério de
Jesus, foi revelado para nós o grande ponto desta questão e veremos a seguir
alguns destes aspectos neste contexto da vida Cristã.
Palavras-chave: Oração,
Vida de Jesus, Ministério, Deus Pai.
Introdução
A
palavra Oração no Grego não bíblico proseuchomai,
que significa “Invocar a divindade”, ou “prometer”. No AT utiliza-se com o
significado de “pedir”, “abençoar”, “dar graças”, “Invocar” e “suplicar” proskynein. Este termo indica este canal
entre o ser humano e a divindade, aquele que tem Todo o Poder. Esta relação no
contexto da vida de Jesus mostra a relação constante que o Filho tem com o Pai,
estabelecendo esta relação entre a Humanidade e a Divindade.
Dessa
forma, veremos alguns aspectos de extrema importância da Oração na vida de
Jesus Cristo e no contexto sócio-cultural daquela época, trazendo o grande
exemplo de Jesus para a nossa realidade atual. “E, quando orarem, não fiquem
sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito
falarem serão ouvidos. Não sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe do que
vocês precisam, antes mesmo de o pedirem”.
(Mateus 6:7-8). Através de vários textos sagrados vamos explorar a grande relevância nos ensinamentos de Jesus sobre a oração e como o Messias viveu em sua época demonstrando este fundamento Cristão. Além de buscar alguns fundamentos da oração na vida do Cristão, para uma exposição sucinta e coesa das verdades Bíblicas.
(Mateus 6:7-8). Através de vários textos sagrados vamos explorar a grande relevância nos ensinamentos de Jesus sobre a oração e como o Messias viveu em sua época demonstrando este fundamento Cristão. Além de buscar alguns fundamentos da oração na vida do Cristão, para uma exposição sucinta e coesa das verdades Bíblicas.
Desenvolvimento
Talvez um grande paradoxo entre alguns eruditos e
historiadores seja: Jesus é Deus em forma de homem, então para que ou porque
Ele necessitava orar? Qual o sentido desta afirmação e o motivo do qual este
ensinamento foi tão relevante na revelação de Deus aos homens, tanto no AT como
NT.
O ministério de Jesus inicia-se na Galiléia, aos 30 anos
de idade sendo Batizado por João Batista (aquele que veio preparar o caminho
para o messias), no Jordão (Mt 3: 13-17;
Mc 1:9-11; Lc 3: 21-22; Jo 1:32-34). Em seguida Jesus foi levado ao
deserto para ser tentado e Jejuou 40 dias e 40 noites. Esta passagem para
alguns estudiosos pode ser a grande representação da figura humana em analogia
ao Éden, onde o ser humano foi tentado pela serpente e sucumbiu em pecado.
Jesus, foi perfeitamente divino e perfeitamente humano, provou que podemos
vencer as tentações do Diabo e viver Isento de Pecado, através da sua Graça. A
partir daí observamos ainda no início de seu ministério a preocupação com a
oração; no evangelho de Mateus no Cap. 6, versículos 5 a 15. Jesus destaca a
comunicação com Deus um princípio de humildade, em pleno contraste com o estilo
dos fariseus, escribas, publicanos e gentios que viviam em uma religiosidade de
aparência, formal e sem vida. Neste termo, Ele também adverte sobre as “vãs
repetições”, pois naquela época os gentios, ou pagãos, tentavam sensibilizar
seus deuses desta maneira, repetindo as preces, rezas e orações. Por este
contexto, verificamos que Jesus estabelece um modelo de oração, demonstrando
que somos filhos de Deus e devemos orar a Ele como quem estabelece uma
conversa. Neste modelo apresentado por
Cristo, Chamado de “Oração do Pai Nosso”, observamos algumas características,
tais como:
·
A proximidade com Deus, Ele é nosso Pai e
somos seus filhos, Ele é Santo e seu Nome é Santo.
·
A humildade; a vontade não pertence a nós,
mas sim a Ele, devemos buscar a Sua vontade em detrimento da nossa.
·
A benção, Deus nos abençoado e é supridor de
nossas necessidades.
·
O perdão; somos pecadores e falhos, devemos
pedir perdão constantemente pelas nossas fraquezas e ofensas. Deste mesmo modo
a exortação a perdoamos uns aos outros, inclusive aqueles que fizeram alguma
coisa contra nós, pois desta maneira o Pai também nos perdoará.
·
A proteção; devemos pedir o livramento das
tentações e obras do maligno.
·
O Reino; O reino é pertencente a Deus e não
aos homens, assim como o Poder também. Nisto podemos observar, a preocupação de
enfatizar que o único Deus é que é detentor do verdadeiro Poder e a Ele que se
deve Honrar, isto se contrapondo a realidade do Império romano e seus Imperadores
que se intitulavam deuses e também contra os Judeus fariseus, que andavam com o
“Rei na barriga”, ou seja, se achavam superiores e detentores do Poder.
No
evangelho de Marcos no cap. 1: 35; Jesus após ter curado e expulsado demônios
de muitos naquela tarde, de madrugada Ele se retira para o deserto para orar.
Com muita notoriedade o evangelista Marcos, mostra que mesmo Jesus o Messias o
Filho de Deus, necessitava estabelecer este canal com o Pai, através da oração,
pois ela nos fortalece, só através da oração o Pai concede Glória e
Misericórdia, só assim teríamos este acesso ao Poder de Deus. Podemos observar
nas escrituras que em vários momentos que antecederam alguns acontecimentos,
Jesus orou; no texto de Lucas 6: 12, antes da escolha dos doze apóstolos, Jesus
se retirou para o monte para orar, também é interessante que o evangelista
descreve que Ele passou a noite toda em Oração a Deus. Este não foi o único
relato que antecede a Oração de Jesus em meio há algum acontecimento de deveras
importância. A bíblia relata nos livros de (Mt 17: 1-13; Mc 9: 2-13; Lc
9:29-35) A transfiguração de Jesus, afirmando que enquanto Jesus orava a sua
aparência foi transformada, onde suas vestes resplandeceram como o brilho do
relâmpago. Em seqüência temos o relato da aparição de Elias e Moisés, um
acontecimento que marcou a vida dos discípulos.
No
monte das oliveiras, momento que antecede sua prisão, Jesus se retira para Orar
e os discípulos o seguem, mas Jesus lhes exorta: “Orai para que não venhais
cair em tentação”. Observamos que mais uma vez Jesus deixa claro que para
vencermos as tentações e obras malignas devemos Orar. Em continuidade o texto
no diz que Jesus orou tão intensamente que seu suor se torna em gotas de
sangue. Este é um grande exemplo de Oração intensa, colocando todas as nossas
necessidades e aflições diante de Deus. Outro fator bastante relevante, é que
Jesus ensina, é a perseverança na oração; segundo Craig L. Blomberg, Jesus e os
Evangelhos: Uma Introdução aos 4 evangelhos, (Sociedade Religiosa Edição Vida
Nova) 1ª edição 2009. Destaca-se neste contexto a pequena parábola do amigo da
meia-noite. A imagem e a linguagem da parábola ensinam não tanto a persistência
na oração, mas a firmeza ou ousadia. Na passagem Q adjunta, Jesus promete que,
atendendo a seus pedidos, Deus dará somente boas coisas a seus filhos.
Este
texto de Lucas 11:9-13 traz uma doutrina bastante clara, para que nós realmente
tenhamos firmeza, confiança e persistência naquilo que devemos pedir a Deus. A
oração aqui descrita por Jesus é refletida em todo seu ministério, quando Ele
realiza os prodígios e milagres. No relato do Evangelho de João capitulo
(11:38-39) sobre a ressurreição de Lázaro, Jesus após ter chorado mediante a
morte de seu amigo, Ele determina que abram o sepulcro e Olhando para o céu,
orou agradecendo a Deus porque ouviu a suas orações. O que parece ser um grande
paradoxo, pois Jesus a segunda pessoa da Trindade necessita ter esta
comunicação e autorização do Deus pai. Sobre isso o escritor MoltamannJurgen, O
Deus Crucificado, A cruz de Cristo com base e crítica da Teologia Cristã, (Editora
Academia Cristã) 2014, Diz: Por isso partia-se da pergunta geral por Deus para
o ministério de Jesus: O Deus eterno e imutável se manifestou em Jesus? – A
resposta era: O Deus único, por quem o homem transitório e finito procura,
tornou-se homem em Jesus. “Ele é a imagem do Deus invisível” (Cl 1.15), nele
aprouve a Deus fazer toda a plenitude.
O
que talvez para alguns seja um paradoxo, para nós trata-se da relevância e
importância que o exemplo de Cristo nos traz. Jesus quis deixar de modo
enfático e categórico que a Oração é o combustível dos que Creem em Deus, só
através desta comunicação o Cristão terá acesso à realização de qualquer ação
de Deus. O próprio Deus em forma de homem demonstrou toda humildade,
intensidade e necessidade da Oração.
MoltmanJurgen,
O caminho de Jesus Cristo, Cristologia em dimensões messiânicas. (Editora
Academia Cristã) São Paulo 2014. A RûahJahweh/Espírito de Deus cria aquela
relação recíproca na qual Jesus chama a Deus de Abba e se compreende a si como
“filho” desse Pai. O fator especial dessa relação de Jesus com Deus se revela
na oração – Abba. Para se corrigir distorções posteriores, deve-se retornar
constantemente a intimidade dessa oração de Jesus. Em aramaico, Abba é uma
forma de balbucia infantil com a qual crianças se dirigem a sua pessoa de
referencia primitiva. Quer seja a mãe ou o pai, o que importa é a proximidade
acolhedora e íntima, a qual se dirige a Deus com Abba consequentemente a tônica
não está na masculinidade de um Deus pai e nem na majestade de um Deus Senhor,
mas inaudita proximidade, na qual experimenta o mistério divino. Deus está tão
próximo em termos de espaço quanto o reino de Deus se “aproximou” por meio dele
em termos de tempo. O reino está tão próximo que se podem dizer Abba para Deus.
Na relação com esse Deus-abba Jesus faz a experiência de ser “o filho” de Deus.
Conforme o autor este termo Abba, demonstra claramente que está relação de Deus
Pai e Deus Filho era extremamente íntima, tamanha que o Pai se manifestava
estritamente com seu Filho.
Também
podemos observar que mesmo em meio a ocupações e muitos afazeres, Jesus nos
ensina a priorizar a oração. No texto de Marcos (1. 32-34), conforme
mencionado, observamos que mesmo Jesus tendo passado a tarde toda curando e
expulsando demônios daquelas pessoas da cidade e tendo que no dia seguinte se
deslocar para a Galiléia, Jesus se retira a noite para orar. Em meio a todo o
cansaço e correria, Jesus demonstra quão precioso é a Oração. Trazendo para
nossa realidade, isto nos fala intensamente, pois em meio a nossa rotina
frenética, muitos têm deixado de lado a oração e priorizado outros assuntos.
Jesus deixou para nós o exemplo em que oração é prioridade. No monte das
oliveiras, este fica bem explícito, quando Jesus diz aos seus discípulos: “Orai
para que não venhais cair em tentação” e passa pela madrugada orando e quando
retorna encontra-os dormindo. Jesus exorta e repete para que eles orem, mesmo
em meio ao cansaço e fadiga devemos dar prioridade ao nosso alimento espiritual
que é a oração.
Outro
grande aspecto da oração na vida de Jesus trata-se desta comunicação em meio a
qualquer circunstância. Vários textos sagrados nos revelam esta característica
tão marcante em seu ministério. Nos evangelhos de (Lc3:33-49; Mt 27: 33-44; Mc
15:22-32; Jo 19: 17-30) Jesus ao ser crucificado e antes de entregar seu
Espírito a Deus também estabelece a oração. Com este exemplo, observamos que
Jesus termina seu Ministério também através deste canal de comunicação com o
Senhor, revelando a importância da Oração em todos os momentos inclusive os de
grande aflição. A grande percepção que devemos ter é que Jesus nos ensina a de
forma bastante eficaz que em nossas orações devemos esvaziar nossas vontades e colocá-las
em Deus, “Que seja feita a tua vontade”. É comum observarmos principalmente em
meio a tantas Teologias e doutrinas que muitos estão condicionando suas
vontades em relação a Deus, determinando e estabelecendo conceitos que Deus irá
fazer aquilo que nós desejamos. O grande exemplo é quando observamos Jesus no
texto de Mateus (26:39-44) “Meu Pai se for possível afasta de mim este cálice,
não seja porém a minha vontade, mas sim a tua”.
Dentro
dos seus ensinamentos, observamos que Jesus adverte a orar. Em Lucas (11.
9-13). Ele ensina que devemos pedir e buscar, pois só quem pede e busca, recebe
e encontra. Jesus ainda diz: “Qual dentre vós é o pai que se o filho lhe pedir
um pão lhe dará uma pedra”? No verso 13 Ele diz: “Ora se vós sois maus, sabeis dar
boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito
Santo àqueles que lho pedirem? Em vários textos Jesus vai exemplifica este
ensinamento, orando e pedindo a Deus e também agradecendo pelos feitos e
bênçãos recebidas. O que não podemos, é entender que tudo o que pedimos é
“bom”, pois Deus sabe o que realmente é bom para nós; por isso muitas doutrinas
hoje tem imposto certos ensinos errôneos, que falam que você só será abençoado
se tiver bens materiais. Por muito contrário, observamos um Jesus totalmente
desprendido das coisas materiais e simplesmente dedicado a proclamar as boas
novas e seus ensinamentos.
Considerações Finais
Neste
breve artigo, concluímos que em todo seu Ministério e em sua passagem aqui por
este mundo, a Oração na vida de Jesus é o princípio desta relação entre Deus
Pai (Abba) e Deus filho, através deste canal de comunicação é recebido a Glória
e o Poder de Deus. Mesmo parecendo um paradoxo e algo
deveras complexo, observamos que a essência desta virtude está na humildade e
submissão à vontade de Deus nosso Pai.
Jesus
veio exemplificar através de sua vida e ministério o grande conceito da Oração.
Na carta de Paulo aos Filipenses, capitulo 2 versículo 5 a 8, Diz: “De sorte que haja em vós o mesmo
sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que sendo em forma de Deus, não
teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a
forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E achado na forma de homem,
humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte e morte de cruz.” Era
necessário Cristo demonstrar a humanidade que só através da submissão,
obediência e humildade teríamos acesso a Glória de Deus em nossas vidas, nos
aproximando de maneira sobrenatural ao Poder de Deus, para que através deste,
pudéssemos cumprir a boa e agradável vontade de Deus. Desta maneira fica bem
explícito que Jesus cumpriu sua missão, sendo Deus veio para servir, por isso a
importância da oração na vida de Jesus era primordial nesta relação entre Rei e
Servo, Pai e Filho, mestre e discípulo. Numa breve analogia, Cristo seriam a
restauração da criação perfeita de Deus, feita a sua imagem e semelhança,
vencendo o mal através da obediência e amor a Deus, demonstrando que o Homem
criatura de Deus teria a capacidade de vencer as tentações se tão somente seguir-se
obediente e firme nos conceitos aqui expostos e principalmente no conceito da
oração, a qual Jesus nos ensina a estabelecer esta comunicação em forma de
conversa com Deus.
Finalmente
podemos entender que somente pela Oração, alcançaremos os atributos necessários
para vencer as tentações, andar segundo o propósito e vontade de Deus, ser
cheios do Espírito Santo de Deus, receber a Glória do Senhor e ter um
relacionamento íntimo e intenso com o Senhor. Jesus deixou em seu legado e em
seus ensinamentos este princípio para que também, como Ele, em tudo nos
direcionarmos ao nosso Pai e seguir conforme o Senhor nos ensine.
Referências
BLOMBERG,
Craig L. Jesus e os Evangelhos: Uma
Introdução ao estudo dos 4 evangelhos. 1ª Edição. Editora Vida Nova: 2009
KAISER,
Walter C. O plano da Promessa de Deus:
Teologia do Antigo e Novo Testamento. Editora Vida Nova.
LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento (Edição Revisada) Editora Hagnos.
MOLTMANN, Jurgen. O Caminho de Jesus Cristo: Cristologia em Dimensões Messiânicas.
Editora: Academia Cristã. São Paulo 2014.
MOLTMANN,
Jurgen. O Deus Crucificado:A cruz de
Cristo como base e crítica da teologia cristã. Editora Academia Cristã. 2014
Bíblia de Estudo Almeida:
Edição Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil. 2ª Edição 1999.
Bíblia King James:
Edição de Estudo – 400 Anos. Abba Press Editora e Divulgadora. Tradução King
James Atualizada. 1ª Edição set. 2012.
Dicionário Enciclopédico da Bíblia:
Edições Loyola, Editora Paulinas, Editora Paulus e Academia Cristã.
Disponível
em: <http://www.iprb.org.br/estudos_biblicos/estudos_1-50/estudos_10.htm>.Acesso
em: 06 out. 2014.
Disponível
em: <http://www.jba.gr/Portuguese/Jesus-e-a-Ora%C3%A7%C3%A3o.htm>. Acesso
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Disponível
em: <http://pt.slideshare.net/ellainecrystina/didaque>. Acesso em: 14
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Disponível
em: <http://www.montesiao.pro.br/estudos/celulas/celula210.html>. Acesso
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Disponível
em: <http://www.estudosdabiblia.net/d17.htm>. Acesso em: 06 out.2014.
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